terça-feira, outubro 25, 2005

Multi-etnias

Creio que já todos nós quisémos, uma vez ou outra, experimentar uma refeição diferente.
(Para quem não sabe, existem outros tipos de comida além de "hamburgueres").

Ora bem, como estava a dizer, por vezes apetece-nos experimentar a gastronomia de outros países, e começamos por pensar o que nos satisfaria mais o apetite. Japonês, chinês, italiano, tailandês, indiano... Como vêem existe um leque de escolha amplo...

Porém, já alguém foi ultimamente a restaurantes indianos...?
Já alguém reparou que de "indiano", estes restaurantes apenas têm a decoração?

Nestes restaurantes, temos comida italiana, os bons e velhos "hamburgueres" e bem lá no fundo da ementa, temos 2 ou 3 pratos de comida verdadeiramente indiana...

Será que a Índia foi invadida pela Itália? Será que a Itália foi invadida pela Índia?
Ora muito bem, vai uma pessoa para jantar no restaurante indiano, porque lhe dá uma vontade gulosa de comer este tipo de comida e chega lá e tem o quê?

- Pizza Vishna (caril, frango e arroz)
- Pizza Gandhi (molho de tomate, caril e frango)
- Raviolli à la Dehli (delicioso raviolli com caril e frango)
- Esparguete à Bombaim (massa com carne de vaca, caril e frango)

Ok! Acabei de provocar uma guerra diplomática! Os indianos não comem vaca!
O que me leva à pertinente questão: de que serão os "hamburgueres"? e a lasagna? e o esparguete à Bombaim?

E quanto aos funcionários? Até estamos à espera de falar com um senhor/a indiano/a que nos faça sentir um pouco mais o ambiente da Índia, que nos aconselhe o prato mais indicado ao nosso paladar herético ocidental e, realmente, apanhamos o tal funcionário indiano, mas a fazer-nos perguntas como: "A pizza Vishna é com massa fina ou alta e fofa?"

A minha conclusão para este texto é a seguinte: quando vamos a estes restaurantes estamos a ir a um italiano ou a um indiano? E em que capítulo é que procuramos nas Páginas Amarelas? Restaurantes Italianos? Restaurantes Indianos? E já agora, para quando um restaurante indiano que sirva comida tradicional portuguesa, como por exemplo, "carne de porco à Punjab", cozido à goa" (ah, não pode... leva carne de vaca!...)

P.S - Na feitura deste post, não foram feridas quaisquer tipo de susceptibilidades. (Pelo menos, penso eu!)

7 Comments:

Blogger Manares said...

Pois... E o mais lindo disto tudo é ir a um restaurante chinês e ter como criada uma brasileira.
Não há nada como ter uma refeição asiática com um pouco de sotaque sul-americano...

11:38 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Tudo faz parte de uma conspiração a nível interplanetário (na realidade é planetário, mas assim a introdução tem muito mais impacto), que surgiu por um mero acaso. A saber…



Capítulo IV – Guerra da Restauração

Ora bem, este tipo de restaurantes evoluiu bastante ao longo dos últimos anos, passando do tradicional lestaulante chinês (por exemplo. Porquê? Porque me apeteceu!) para uma empresa pequena dimensão, com gestão mais rigorosa do que orçamento de estado sob a alçada da Ferreira Leite, de altíssima produtividade (trabalha-se 24 horas por dia, mais a noite, e aos feriados é a dobrar – o trabalho, claro), onde nada se perde, tudo se aproveita e factura-se sempre, mesmo o gordurame acumulado nas paredes da pocilga que teimam em denominar “cozinha”, é aproveitado como combustível para aqueles pratos vistosíssimos que vêm a flamejar para a mesa, empestando tudo com um cheiro nauseabundo a queimado e, claro está, a gordura com três semanas de fermentação junto do exaustor.
O que é feito dos empregados baixinhos, magrinhos, com a compleição física dum prisioneiro de guerra americano, após 14 anos de cativeiro num campo de concentração lá bem nos entrefolhos do Cambodja, divididos entre 14 horas diárias de trabalhos forçados, 4 horas diárias de tortura com aparelho de electrochoques testiculares e as restantes 6 passadas a enfardar a bela e tradicional porrada à moda antiga com requintes de sadismo (que essa malta lá da Ásia é gente requintada…) medieval? Alguém que saiba o coi dessa cambada de roedores amarelados de olhos em bico que os enxote de volta para a superfície.
Onde estão os anões de camisa branca quase transparente made-in-taiwan e calças e sapatos pretos furtados na noite anterior das campas abertas do Cemitério dos Olivais, que em português só sabem dizer “Bô nôté” e dar aquele sorriso amarelo (pois claro, que outra cor mais poderia ser) de quem não está a perceber absolutamente nada do que estamos a dizer.
Esta malta tem imenso valor no mercado de trabalho, eles decoram uma lista de 178 pratos e o respectivo número numa língua estrangeira, bem como uma breve explicação da constituição de cada prato! Estes gajos só não são astronautas porque os fatos de astronauta da NASA para o tamanho deles foram todos gastos pela Laica (a cadela norte-americana astronauta) e pelos cardumes de primatas que participaram nas fases de teste do programa espacial dos EUA (um forte abraço para o Gervásio, o macaco reciclador da TV, quanto a mim o mais adequado candidato a sujeito de testes do programa espacial português, logo a seguir ao Rex, o cão polícia, secundados de muito perto pelo Fernando, o elefante que toca a campainha do Zoo de Sete Rios. Se bem que no caso do elefante, o fato, e toda a questão do espaço ia ser problema. Por mim ia a reboque da nave com um cabo de aço amarrado à tromba, fora da nave o que não falta é espaço…Adiante)

Os pedidos dantes eram repetidos 14 vezes e meia antes do empregado perceber, acompanhados com uma resposta monocórdica do tipo “Ok, tlês clepe, catolze… dois aloz chau-chau, vinte-tlês… um pato Pequim com lebentos bambu, tlinta-dois… um família feliz, sessenta-tlês… e galafa de licol de lagato, cento-vinte-quatlo.”, seguido de um conjunto de sons que mais parece um instrumento de percursão nas mãos do gorila africano do Zoo de Sete Rios durante a época de acasalamento, mas não, era somente o empregado a transmitir o pedido ao cozinheiro, geralmente o único da matilha que pesava mais do que 60 kg (assim tipo aquele vilão chinês dos filmes do 007, cabelo curtíssimo, gordalhufo e com uma força sobrehumana, vestido de fato branco e calça preta) e fazendo-se sempre acompanhar pelo seu instrumento de trabalho – um facalhão que mais parecia uma catana para capar gado adquirida na Feira Regional de Gado da Longroiva de Baixo (todas as primeiras terças feiras de cada mês, no campo de futebol de Merdaleja-a-Velha, na próxima terça-feira pelas 18h00 com a actuação do Grupo Folclórico da Angeja).
Nesses tempos, até tinha piada tentar comer com os pauzinhos chineses, ninguém se importava se eram reutilizados, lavados, ou se ainda vinham a escorrer molho de soja da mesa ao lado!
A música ambiente era de bradar aos céus, mais parecia… mais parecia…sei lá o quê! Os ritmos soavam a uma mescla de batuque da Mongólia do sec. IV a. C. com ranchos folclóricos tradicionais peruanos. A melodia aparentava resultar duma remasterização de quando ofereceram um órgão sintetizador ao meu sobrinho pelo Natal de 93, tinha ele 2 anos e 5 meses. Da voz nem vale a pena falar, pois para além da letra ser em cantão, lembrava os grunhidos de dor provocados por uma amputação a frio a uma pessoa com cólicas renais.
A comida sabia e cheirava realmente a “estrangeiro”, e a conta, encarada aós a ingestão do tradicional licor de lagarto, apresentava valores anormalmente baixos. “Isto é malavilhoso”, dizia a malta em tom de brincadeira, à saída destes pequenos recantos do Oriente, já a planear voltar na semana seguinte, ao mesmo tempo que o dono do restaurante, normalmente o que operava o terminal do Multibanco e tinha um aspecto ligeiramente mais ocidental, se despedia com um cordial “Boa noite e obrigado” vagamente perceptível.
Ir ao restaurante chinês era um acontecimento social, chegava mesmo a ser original e fino, sendo que uma pessoa saia de lá sentido-se como se tivesse feito uma viagem de 3 semanas pelo Oriente.



Ora o sucesso deste modelo prende-se em parte com a sua elevada rentabilidade, pois não há tradução para cantão de IRS, de Segurança Social, de Sindicato, Direitos dos Trabalhadores, Subsídio de Férias, Subsídio de Natal, Subsídio de Almoço.
A grande mais-valia destes simpáticos lestaulantes tladicionais chineses era no entanto outra: vieram satisfazer uma franja da procura que, à data, escapava completamente à restauração nacional: Tcham, tcham, tchatcham… A oferta de pratos diferentes dos existentes nos restaurantes nacionais, com serviço rápido, eficiente e com qualidade a baixo preço, respeitando as normas consensuais de boa educação, decoro e higiene.

Não obstante, a Besta revelou-se à já alguns anos atrás, sendo que existem actualmente na área metropolitana de Lisboa, que é mais ou menos equivalente ao Território da República Portuguesa (pelo menos às partes que interessam – Madeira? Açores? Eu nem gosto daquelas bananas minúsculas, nem sequer dos ananases. É içar a âncora, e deixá-los andar uns mesitos à deriva, pode ser que a Venezuela os queira…Ora aí está uma boa ideia: Damos as ilhas e eles devolvem-nos o copiloto e a tripulação, e a droga… Ai a droga não era nossa? Pronto, então só metade da quantidade apreendida. Isso.)

Quais os planos deste enxame de seres amarelados de olhos em bico? Conseguirá o Tuga superiorizar-se a esta ameaça. Não percam o próximo capítulo desta saga o Capítulo V – O Brazuca Contra-Ataca, porque nós também não!

Nota: Aviso já que aqui ninguém é pai de ninguém, nem sequer irmão. Isso é no Starwars. Fajutos! Bandidos! Futres! Plagiar é crime! Copiar Cds e DVDs também! Haja respeito, caramba…



Fim do Capítulo IV – A Guerra da Restauração

5:10 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Capítulo V – O Brazuza Contra-Ataca


À alguns anos atrás a situação mudou para uma posição diametralmente oposta, pois a malta dos mirantes embicados chegou à conclusão que isto de trabalhar 14 horas por dia, 6 dias por semana, com direito a 15 dias de férias por ano a receber 100 contos por mês, é o paraíso para quem vem de um país onde trabalham as mesmas 14 horas por dia, mas durante sete dias por semana, com direito a 7 dias de férias por ano, a receber 20 contos por mês, a dormir numa gaveta qualquer que tem o conforto e a privacidade duma daquelas camas dos comboios para França, na perspectiva de juntar dinheiro para quando alcançar a reforma (aos 70 anos), comprar uma máquina fotográfica topo de gama e ir uma semana à Europa ou aos EUA tirar fotos a tudo quanto mexa e não só.

O resultado está à vista: Lestaulantes Chineses e Lojas dos Tlezentos a pontapé, é a invasão dos produtos “made in china”, com as respectivas instruções em cantão bem dobradinhas para caberem na embalagem de plástico de aspecto rasca já reciclado 152648945494 vezes e meia.

Ora, é do conhecimento comum que o Típico Tuga (doravante denominado TT) é um animal de sangue na guelra (bem, na maioria dos casos esta coisada do sangue é mais lá para os lados dos pulmões, porque como é sabido anda para aí muita malta sem guelras, mas a expressão ficou, e por isso – “sangue na guelra”), irritadiço. Irrita-se com tudo. Com o futebol porque o clube ganha, não ganha, ganha só por um, perde só por um, empata, o treinador não pesca nada daquilo, os jogadores não sabem dar um pontapé na bola, “até o meu Jorge, lateral direito nos GDURLA – Grupo Desportivo União Recreativa da Langonha Acima, que até já foi aos treinos de captação do Real de Massamá, fazia melhor q’aquilo”. Com a família, porque amanhã não apetece ir ao Hipermercado depois de almoço, porque quer ver a bola e não a novela, porque não apetece ir com os puto ao parque, porque a sogra é uma autêntica víbora.
E, acima de tudo, com os outros porque o frango de churrasco do vizinho é melhor, porque o carro dele está mais limpinho, porque o filho do vizinho é titular e o meu é suplente, porque a mulher dele é mais loura, porque ele bebe mais cerveja.
Enfim, tudo e qualquer coisa, por mais insignificante e minúscula que seja, é passível de irritar o TT. Até o facto de estar calmo e bem disposto: “Sinto-me tão bem que até irrita!”.

Obviamente que este súbito bem-estar do contingente asiático em Portugal, que surge como consequência directa à proliferação de lestaulantes e lojas dos tlezentos, irrita o TT. E não é pouco, pois trata-se de uma “cambada de rastejantes de olhos apevidados que vem cá para a nossa terra roubar-nos postos de trabalho, mulheres e dinheiro”, como se o TT fosse capaz (já não falo da questão da força de vontade) de levantar a peida todos os dias às 6 da matina e bulir 14 horas por dia até às 11 da noite num restaurante, levando para casa 80 contos por mês! Nunca, jamais, alguma vez! Ainda se fosse mendigar, ou vender droga no Bairro da Curraleira! Agora isso não, é contra a dignidade, contra a nossa cultura, contra a nossa tradição.

Mas a sensação provocada por uma manada de básicos que vem lá de do sovaco da Ásia, e, duma maneira perfeitamente simplista e primária ao alcance de todos nós (com trabalho, pois claro!), prospera no seio da nossa própria comunidade, mostrando que o passo para sair da miséria em que nos encontramos está, de facto, ao alcance de qualquer um por mais primário que este seja, é pior do que irritante, é desconfortável. Diria mesmo insuportável. É então que começa a fermentar na mente do TT uma maneira de acabar com esta palhaçada toda e devolver tudo neste país à normalidade, ou por outras palavras à mediania reles e acima de tudo ignorante pois como faz parte do senso comum, ignorância traz felicidade.
Atrás de que moita ou em que gruta é que se encontra um ser com o melhor dos dois lados? : o baixo custo chinês e a baixíssima produtividade do português; a mente perfeitamente básica, a dois tempos do chinês (do género amplamente difundido no programa da SIC “Nunca digas Banzai”, que, eu confesso, me fazia rir até às lágrimas com aquela gente a galgar a trote todos os limites da estupidez que eu julgava universalmente possíveis, á medida que se atiravam de cabeça em corrida contra uma das cinco portas expostas à sua frente, podendo esta ser de madeira maciça, provocando assim uma imagem semelhante a um choque frontal contra um vidro extraduro e invisível durante um sprint) e o enorme vazio de vontade de trabalhar do português (porque outra razão perderia tempo a escrever isto?)

Bem, foi durante umas férias quaisquer numa praia brasileira, após pedir “Era mais uma Caipirinha fachavôr” e ouvir pela 5691966267853 vez a frase “Hein? Como é qui é moço?” que o TT se apercebeu que tinha não só encontrado o elo que faltava na cadeia de evolução do Homo Sapiens, o Homo Lerdus, mas também o ser que encaixava o melhor das duas facções em disputa na sua terra natal – O Brazuca.
O Brazuca é um descendente do TT, que, devido ao clima quente e húmido do Sul da América, o seu habitat natural (juntamente com as casas de alterne nas vilas do interior de Portugal Continental e Incontinental), desenvolveu um mecanismo de defesa contra a desidratação que consiste somente em fazer o menos do que o mínimo, o mais devagar possível. Isto permite-lhe baixar o seu metabolismo para níveis próximos da hibernação, apenas alterando este estado quasi-vegetativo nas seguintes circunstâncias: jogos de futebol, música popular brasileira, mulheres de fio dental. Este espécimen cada vez menos raro em Portugal tem no entanto a vantagem de falar um dialecto parecido com a Língua Portuguesa, tornando assim mais fácil a sua integração no meio social de inserção.
Todas estas vantagens aliadas ao desejo do TT de cortar pela raiz o sucesso dos empresários asiáticos tiveram como consequência uma substituição progressiva da mão-de-obra estrangeira por mão-de-obra brasileira, que nem é considerada estrangeira nem portuguesa. Os níveis de produtividade e assiduidade baixaram drasticamente, pois a capacidade de trabalho deste novo elemento roça meia perna gangrenada de um chinês de 32,58 kg durante o Ramadão, que é um eufemismo para absolutamente nada, zero!

Mas a escalada dos roedores amarelados estagnou, ficando-se pelos restaurantes e lojas de conveniência, dando azo à escalada dos brasileiros, que se alongou à construção civil e ao turismo (restauração e prostituição), que é o mesmo que dizer que se alongou a praticamente tudo o que contribui positivamente para o já reduzido PIB deste rectângulo à beira mar plantado. A moeda esteve mesmo para mudar para real. Até produtores televisivos brasileiros passou a haver, e com largo sucesso, diga-se de passagem.

O Típico Tuga viu-se de súbito confrontado com um dilema semelhante ao anterior, mas desta vez enfrentava um ser sem qualquer tipo de consciência, quer individual quer colectiva, cujo ciclo de vida tinha várias fases, começando por apresentar uma produtividade mediana (durante os primeiros 3 meses de trabalho, até conseguir visto de permanência). De seguida, após ter conseguido o visto de permanência, o seu sistema metabólico entra no seu ritmo próprio, entrando num estado de quase hibernação, apenas interrompido fora do horário de trabalho. Por fim, após despedimento por justa causa, o Brazuca trata junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras do seu pedido de repatriamento voluntário, pelo que recebe a módica quantia de 250 Euros e é repatriado de avião de volta para o seu habitat natural, tudo à custo do contribuinte português que paga os seus impostos e desconta duma forma mais ou menos honesta todos os meses (ah pois é!).

Este conjunto de seres hibernantes, confessos admiradores de Netinho, Roberto Carlos, Xitãozinho & Xóróró, e Roberto Leal, transformaram-se subitamente numa massa parasitante, que sobrevive à custa da inépcia do Típico Tuga, que ainda tem a lata de, enquanto coça vigorosamente a virilha esquerda, se queixar que “vêm estes saloios lá do Brasil roubar os nossos postos de trabalho e as nossas mulheres”, concluindo ainda com frases do tipo “Dantes é que era” ou ainda o meu preferido “mas a mim não me dão eles trabalho”. Isto é realmente dramático, vindo dum povo tradicionalmente emigrante como o nosso.



Nota: As observações contidas neste excerto, no excerto anterior ou em quais quer eventuais excertos posteriores não deverão ser encaradas como comentários de cariz racial, nem sequer levadas muito a sério, pois reflectem apenas momentos da vida quotidiana de qualquer um (minha neste caso), hiperbolizados em caricaturas sociais.

2:52 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Capítulo VI – O Regresso do Típico Tuga

Eis que começa então o derradeiro capítulo, ou talvez apenas o VI, desta saga.

Ponto de situação: Invasão amarelada e de baixa estatura, prosperidade dos duendes, descontentamento geral dos nativos, substituição por parasitas pirosos, prosperidade dos parasitas e consequente repetição do descontentamento geral dos nativos.

Ora bem, aplicando a velha máxima universal, “se queres alguma coisa bem feita, fá-la tu mesmo”, eis senão quando o Típico Tuga decide, por intermédio de uma qualquer inspiração divina ou então porque não tinha mesmo mais nada que fazer, tomar as rédeas desta situação.
Assistimos então à substituição da massa laboral parasitante e de pronúncia de telenovela por … outra massa laboral igualmente parasitante, adoradora de pérolas da televisão tais como “Big Show SIC”, “As Manhãs do Goucha” ou até mesmo “A Amiga Olga”. Estou, como é claro, a referir-me ao Tuga, que sacrifica deste modo o seu próprio conforto e bem estar, deixando de passar horas e horas seguidas a aliviar um húmido prurido junto ao elástico das cuecas (com o auxílio das suas poderosas unhacas cheias de fragmentos de burrié da semana passada, restos de pastel de bacalhau do piquenique lá do trabalho no passado fim-de-semana e chulé de entre os dedos dos pés removido hoje de manhã), e duma forma altruísta mas ao contrário (pois não é o seu bem estar que ele procura, mas o mal-estar dos outros), toma progressivamente o lugar dos trabalhadores estrangeiros.
Não se assitem a grandes mudanças, na realidade a qualidade do serviço até piora, pois voltam os empregados à antiga, com a camisa desabotoada até ao umbigo com um autêntico tapete de Arraiolos à mostra no peito, adornado por um penduricalho qualquer em ouro, tipo Santa Lá da Terra ou qualquer coisa do género, com sapatinho de verniz à chulo e meiinha pé-de-gesso branca com duas raquetes cruzadas no tornozelo (a 2€ a dúzia na Feira do Relógio), cabelo empastado em óleo de baleia (como é que eu sei? É que cheira a baleia…A 20 metros de distância contra o vento), anel de ouro do tamanho de um pequeno roedor no mindinho e a já mencionada unhaca multiusos do dedo mindinho (abre-latas, cata-burriés, saca-rolhas, raspa-chulé-caspa-e-outras-secreções-do corpo-humano-e arredores).
Para compor o ramalhete este exemplar vem acompanhado dumas maneiras à-lá-Cais-do-Sodré, com “prontos”, “portantos”, “obrigados”,”fosga-se” e outros monumentos à Língua de Camões tais como “O vizinho controla ali a rotunda”, “… e assobe aí à direita” e com a mania que sabem cantar o fado, com um palitinho no canto da boca, claro.
E eis que surge a grande questão: Como é que é possível?
É mesmo muito simples, é que o que é Nacional é bom, e se for português, ainda melhor. A sensação de ser servido por um empregado de mesa destes é inigualável, é indiscritível, bem como o odor a sovaco com três semanas ou o olhar de “para a próxima, escarro-te da mais sopa, que é para ver se não me deixas gorjeta à mesma”.
Por isso não é de estranhar se desatarem a aparecer em todo o lado empregados portugueses, pois como é sabido tudo na vida se move por ciclos, e o ciclo de 30% da população activa portuguesa sobreviver à custa do subsídio de desemprego está a dar cabo da vida aos restantes 70% que realmente trabalham e contribuem para o PIB.

4:46 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Já não tomo Prozac. Toldava-me o raciocínio e provocava-me flatulência. Agora tomo Smarties, mas com parcimónia. Sinto-me muito melhor. Experimenta. Petas-Zetas também é bastante agradável...

4:50 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Ainda assim, olha que corre o boato que a flatulência continua.... e mais não digo.

10:26 da manhã  
Anonymous Anónimo said...

Ha!Eureka! Num destes chuvosos dias há pouco tempo passados tive a gratificante oportunidade de comprovar mais uma vez a minha já anteriormente exposta teria sobre restaurantes "étnicos", nomeadamente, surgiu vinda do nada, como se as forças misteriosas que manipulam aquilo que chamamos universo, a possibilidade de disfrutar em excelente companhia de um repasto num restaurante indiano lá para os lados do Bairro Alto, esse antro de vícios e má vida que tanto prezo.
Ora, este pecaminoso banquete (a gula é um pecado!) teve de tudo, começando pelo já tradicional empregado brasileiro (apesar de neste restaurante indiano a maioria dos empregados ser também indiana), passando pela repetição dos pedidos num português imperceptível e ultrarápido(para cortar qualquer hipótese de alterar ou mesmo confirmar o pedido), e terminando na mais bizarra refeição que assisti num restaurante indiano: Tortellini! Ainda pensei, "espera lá pá, se calhar, da mesma maneira que foram os chineses que inventaram o macarrão e não os italianos, foram os indianos que inventaram as massas recheadas e não os italianos...", mas fiquei cansado de mastigar, conversar e dissecar esta questão ao mesmo tempo após uma árdua semana de trabalho, pelo que após 37,5932 segundos simplesmente ignorei os três pratos de Tortellini à minha volta e dediquei-me de corpo e alma à degustação dum maravilhoso Shez Kebab de borrego acompanhado com batido de banana, que é, caso não saibam, uma das bebidas tradicionais na Índia, durante a época das Monções, nos anos múltiplos de 19 do calendário assírio. Em Roma...
Ah a questão da flatulência está também justificada, deve-se sem dúvida à fermentação de todos aqueles condimentos juntos com um pouco de groselha que vinha no batido.

10:52 da manhã  

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