terça-feira, novembro 30, 2004

Abreviaturas

Não compreendo o pessoal que escreve tudo por abreviaturas.
Nas SMS até que compreendo. Queremos dizer à “amiga especial” que ela é linda e a paixão da nossa vida e que nunca a vamos largar até à morte, mas...quer dizer... quem é que está disposto a gastar mais de € 0,10 para estas tretas??!... Bem apertadinho, cabe tudo numa única SMS.

Agora o pessoal que escreve tudo abreviado em todo o lado é que eu não compreendo. Eu ainda me lembro de quando andava na primária e alguém se enganava a escrever palavras como “acetilsalissílico”, “inconstitucionalissimamente” ou “otorrinolaringologista” e levava logo uma brutal reguada na mão, ou uma sonora estalada nas trombas. E os putos de agora escrevem “inknxtitcionalíssmmt” ou “tórrinlaringljista”. Já p/ n falar da kapacidd dabrviar td e + alg koisa e d xkrver td c/ k’s e x’s.

Onde andam os valores? Onde anda a literatura? Onde anda a inteligência? O que diria Luís de Camões se deparasse com tal realidade? O homem ia morrendo afogado para salvar a maior obra literária portuguesa e para quê? Pa s pder falar dessa cena marada na xkola entr intrvalx nas sekas k sapanham na zaulas d Prtguêx, qd n s tá a mandar SMS’s pó Sol Músika a dzer ko Xiko Fanekas do 7º-A é o amor da vida e ka mlhor banda do Mundo é a Kristina Aguilera.

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

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4:19 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

Desenhar caracteres desse modo não pode ser equiparado a escrever, pois reduz uma forma de arte à associação de fonemas entre si que constituem deste modo sons vagamente parecidos com a fonética das verdadeiras palavras.
O conceito de "palavra" não se restringe apenas à sua fonética. Cada palavra é como uma pessoa, nasce, respira, evolui, morre. Neste sentido, as aberrações cheias de "Xs" e de "Ks" e outras coisas mais que aparecem cada vez mais no nosso quotidiano (lamentavelmente), não passam de pálidos e estéreis zombies quando comparadas com as verdadeiras palavras (mais ou menos como as punhetas de adolescente comparadas com amor carnal).
Uma palavra vive através do seu todo, grafismo, etimologia, conotação, etc, e, também, fonética. E aquele que não tomar isso em conta estará destinado a passar ao lado daquilo que é comunicar como os nossos bisavós passaram ao lado do fenómeno que é a televisão a cores porque no tempo deles ainda só havia televisores a preto-e-branco.
A esses pobres de espírito só tenho uma coisa a dizer: quanto a mim, já têm castigo suficiente, não vale a pena mergulhar-vos os genitais em nitrogénio líquido a zero graus Kelvin, enquanto Lúcifer vos esmaga os dedos dos pés à martelada um de cada vez ao som de Barry White, e Belzebu vos corta os mamilos com um xizato ferrugento medianamente afiado, pois o mundo chega a vós a preto-e-branco.
Não tarda nada, dá-se a regressão genética (por oposto a evolução), e transformar-se-ão em primatas analfabetos, monossilábicos e desinteressantes.
E tenho dito...

4:25 da tarde  

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