quarta-feira, maio 24, 2006

Viva Rui Costa!

Já não se fazem tipos como o saudoso Rui Costa. Jogadores então, nem se fala. Estamos, caso tenham passado os últimos 10 anos num refúgio nuclear, a falar do “Maestro”, da mais perfeita personalização lusa do mítico número 10.
Este prodígio da geração de 90 regressa agora a “casa”, como se de um filho pródigo se tratasse, e traz uma bagagem de impor respeito ao mais céptico dos adeptos. Mas essa bagagem acarreta consigo uma responsabilidade também enorme, de ser uma referência no balneário, de fazer a ponte entre o treinador e os seus companheiros de equipa. Obviamente vai ser este símbolo benfiquista a usar a braçadeira na próxima época, vai ser ele a cobrar livres, cantos e grandes penalidades, vai ser ele a aparecer nas conferências de imprensa e a vender mais camisolas, vais ser ele a grande contratação deste defeso.
Mas e então quando as coisas não correrem bem (acontece a todos), quando em vez de resultados surgirem os apupos e os assobios, as esperas à saída dos treinos e à chegada ao aeroporto?
É que não persistem quaisquer dúvidas sobre as suas qualidades como futebolista – é do mais fino que há. Mas parece-me que essa não é a principal questão aqui, mas sim a sua capacidade de estabilizar a relação entre a equipa e a massa adepta, entre o treinador e os jogadores. E tem a favor dele o facto de ser um jogador da casa, um ícone do benfiquismo e de Portugal, e acima de tudo um tipo porreiro. Contra ele pesam factos como o clube para onde volta não manter um treinador em duas épocas consecutivas desde o Eriksson, como faltar um verdadeiro ponta-de-lança no plantel, como não existirem mais referências no plantel, como estarem em curso saídas de jogadores do núcleo da equipa (Ricardo Rocha, Luisão, Simão) ou como os dirigentes que vai ter serem…aquilo que são.
Vamos ver o que acontece com este D. Sebastião.

Mas se era para jogar 30 minutos, andar a maior parte do tempo lesionado com aquelas pequenas lesões impeditivas de treinar mas não de sair à noite, sentar ao lado do mister no banco, incentivar os outros colegas e de vez em quando dar-lhes nas orelhas, e participar em acções sociais do clube (festas nas casas do clube, apresentação dos equipamentos, operações de venda do kit de sócio – é este ano que chegam aos trezentos mil senão o presidente demite-se) e dizer aquelas frases chapa três dos futebolistas que incluem palavras como equipa, dignificar, camisola, jogo, exibição, feliz, trabalhar durante a semana, próximo jogo, apoio, família, massa adepta, então podiam ter-me chamado a mim. Eu até era gajo para levar apenas metade (fora prémios de jogo e patrocínios) do que lhe vão pagar a ele…