quinta-feira, abril 15, 2010

Ensaio sobre o quê?...





Já estava com saudades de escrever neste espaço tão ilustre de partilha de pensamentos profundos.

Sei que este post já é um pouco extemporâneo em relação à data de estreia do filme “Ensaio Sobre a Cegueira” e de todo o arrebatamento que causou no povo português decorrente do facto de um argumento escrito por um autor Português, se bem que comunista e com a mania que é espanhol, acabar por dar numa produção cinematográfica internacional. Aliás, a reacção do típico português foi a esperada: tal como saídinhos de uma fila de montagem, tínhamos todo um conjunto de “novos intelectuais” a ler o livro pela primeira vez nos transportes públicos e cafés numa edição cuja ilustração da capa era igual à do cartaz do filme. A propósito, o livro foi publicado em 1995 e o filme saiu em 2008. Em 1995 eu andava em transportes públicos e ia a cafés e não me lembro de nenhuma “epidemia” de Ensaios Sobre a Cegueira nas mãos dos portugueses. Só levámos 13 anos a descobrir que este livro existia e se podia ler. Que ilação é que podemos tirar daqui? Se não for bom o suficiente para dar num filme, não vale a pena ler?... Nas nossas mentes “tugas”, é bem capaz de ser verdade…

Sinceramente nunca o li e partilho da ignorância de muitos que só sabem o que viram no telejornal ou partes soltas que alguns amigos contaram, mas algo me faz muita confusão... Pelo que fiquei a saber, estranhamente uma cidade inteira fica cega à excepção de uma mulher que, no entanto, finge que fica cega.

Agora atentem no cartaz. Porque raio é que o Danny Glover tem uma pala no olho?!... Não é cego? Tipo, ele não vê nada e no entanto um dos olhos tem uma pala. Há algum intuito para aquilo? Se calhar é para que é para que as restantes pessoas não se sintam algo incomodadas pelo facto de ele não ter um olh…. Ah não, espera… SÃO TODOS CEGOS!!!
Será que é para o estilo? Tipo, “as gajas gostam de cicatrizes e palas no olho”? Ah não, espera… SÃO TODOS CEGOS!!!
A determinada altura seria de esperar que ele achasse que aquilo era completamente desnecessário e, se calhar, até incomodava um bocado, não? É um bocado o mesmo que pôr uma mordaça num mudo ou atar os cotovelos a um maneta.